segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Contratempos

      Na ânsia das virgindades, de corpos se entrelaçando entre carnes quentes mergulhadas em suor e gemidos, enfim nascia um amor irrestrito. Na música ambiente semeada com solos eróticos de saxofone, beijos e mordidas se misturavam ao ritmo do jazz, a costura perfeita para o sentimento em chamas. Dentes e cabelos, pedaços tênues de sorrisos espalhados em cima da cama, e corpos em contato, tentáculos em êxtase no meio do quarto, dançando em ritmo frenético, mesmo em movimentos suavizados pelas curvas dos corpos. Os olhos se encarando, se mergulhando, se dissolvendo à meia luz, uma outra dimensão sendo criada, um teletransporte momentâneo para outro planeta, outra galáxia, onde risos eram moeda de troca, e enfim o clímax sendo alcançado entre os três: o rapaz, a moça, e o saxofone. Assassinato de duas virgindades ao mesmo tempo, e o cansaço tomando conta dos corpos, agora destilados um do outro, em cima dos lençóis. Agora, sorrisos dominavam os rostos, e os olhares brilhantes diminuíam sua intensidade para apenas uma contemplação. 
      Do lado de fora, pesados pingos de chuva começavam a golpear o telhado, simulacro de aplausos para a cena, interpretada fielmente sem a necessidade de ensaios.

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